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Conto | A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça, de Washington Irving



The Legend of Sleppy Hollow, ou A Lenda do Cavaleiro Sem-cabeça, como ficou a tradução brasileira, foi o meu primeiro conto. Era um livro fino, sessenta páginas mais ou menos, guardado entre outros milhares na minha estante, praticamente invisível, ou seja: era o último que eu pensaria em ler.

No entanto, outro dia, acabei por encontrá-lo. Decidi lê-lo. A capa me chamou tanta atenção que, mesmo sendo tarde da noite, comecei a ler o primeiro parágrafo. Nele, Washington Irving, o autor, descreve a localização de Sleepy Hollow, o pequeno vilarejo onde a história se passa. Estava tão curioso para imaginar o lugar perfeitamente que tratei de procurar por Tarry Town no Google Maps, o Rio Hudson e Tappan Zee. Após isso, fui dormir. Mas, de manhãzinha, enquanto caminhava para a escola, continuei a leitura, totalmente preso ao incrível modo como o autor escrevia, dando detalhes e mais detalhes, mas nunca entendiado, pelo contrário: fascinado e seduzido. Descrições não faltam nesse conto, e para alguns elas seriam irrelevantes. Para mim foram ótimas. Mas se você não gosta, esse livro só lhe trará sono.

A história passa-se por volta de 1709, contando a trajetória de nosso herói, Ichabod Crane (que até hoje não consigo pronunciar), um professor, alto, mas extremamente magro, com ombros estreitos, longos braços e pernas, mãos que balançavam a quilômetros das mangas, pés que podiam funcionar como pás, que se apaixona perdidamente por uma jovem de dezoito anos chamada Katrina Van Tessel, filha de um rico fazendeiro, mas precisa lidar primeiro com Abraham Brom Bones, seu rival. Uma noite, voltando de uma festa na fazenda do pai de sua amada, Crane encontra o “Cavaleiro sem Cabeça”, um fantasma de um soldado germânico, de quem foi arrancada a cabeça por uma bala de canhão durante uma batalha durante a Guerra da Independência: e que o fantasma cavalga pelo cenário da batalha numa busca noturna por sua cabeça... Perseguido, coisas estranhas acontecem a Ichabod Crane.

(Pintura de 1858 de John Quidor)

O livro, desde o início, prendeu-me muito. Quando o terminei, no mesmo dia, enquanto esperava na sala da minha médica para ser atendido, não me arrependi de nada. Só uma leve frustração, mas que não fazia muita diferença. O problema é que pensei uma coisa e descobri outra. Quando comecei a lê-lo, pensei que a história seria contada direcionada exclusivamente ao cavaleiro sem cabeça, como sugere o título traduzido, mas não. O título original, The Legend of Sleppy Hollow, que refere-se a lenda do vilarejo Sleppy Hollow, deixa claro porquê o autor não focalizou o cavaleiro sem cabeça. Bom, mas nada disso me decepcionou. Há neste livro um clima de terror fenomenal, visível na escrita do autor, que vai narrando tudo gradativamente, até chegar ao grande clímax. Admito que a forma como o conto foi escrito lembrou-me muito aqueles filmes infantis de terror e suspense, naquele jeito de "era uma vez...", sabe?, só que muito mais horripilante e surpreendente. Sinto que deveria tê-lo lido antes. Vale a pena: terror de qualidade, aquele que todo fã de contos de horror, de Edgar Allan Poe e Lovecraft, devem ler!


Quanto à edição, parabéns à Leya: que, embora seja um livro apenas de sessenta e seis páginas, sua capa e flexibilidade são ótimas, as páginas são amareladas, nada transparentes, a fonte é confortável para leitura, e as ilustrações são incríveis!



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